Sabes quem é Arjan Roskam?
Arjan Roskam, que se autodefine como o Rei da Canábis é o proprietário da Greenhouse Seed e soube contruir um império.
Por volta dos anos 80, o cenário canábico de Amesterdão estava a revolucionar-se. Tinha chegado à cidade um norte-americano, um tal Neville Schoenmakers com sementes do novo continent, e pouco a pouco tinha ido agregando à sua colecção outras de diferentes características e latitudes. Com este material, fundou a Super Sativa Club, o primeiro banco de sementes de marijuana.
Ao longo dos anos, Neville foi reconhecido como o Rei da Canábis e o seu reinado indiscutível durou cerca de uma década. Não obstante, chegou o momento em que decidiu vender tudo e retirar-se. A partir do vazio que deixou outros decidiram ocupar o seu lugar e começaram uma série de associações e lutas entre vários dos que hoje em dia ocupam lugares lugares destacados na indústria canábica.
De plebeu a rei
Em pleno "boom" da marijuana em Amesterdão Arjan Roskan era um jovem com cerca de 20 anos que tinha andado em aventuras na Tailândia. Tinha ali conhecido um velho misterioso que dizia que graças à marijuana podia curar pessoal viciado em heroína. Apesar da sua descrença inicial, Arjan permaneceu algum tempo em companhia do homem e aprendeu tudo o que podia sobre a Canábis. Ao despedir-se, o velho deu-lhe um punhado de sementes de marijuana que hoje as interpreta como as suas próprias favas mágicas.
Por isso então, os cultivadores de marijuana holandeses não estavam interessados na amplitude de variedades. Pelo contrário, centravam-se apenas em marijuanas de floração curta e alta produção, o que permitia vender um produto barato. Arjan decidiu cultivar também mas foi contra a corrente: dedicou-se a cultivar variedades exóticas, primeiro a partir de sementes que lhe davam os seus amigos e principalmente a experimentar com a sativa e mítica Haze. O seu objectivo era conseguir a melhor qualidade canábica possível. Logo, com o tempo foi incorporando outras que conseguia nas suas viagens pela Tailândia, Nepal ou o Sudeste Asiático, sempre com a mesma meta.
Arjan Roskam começou a usar o nome da Green House para as suas variedades e tentou abastecer alguns dos coffee shops de Amesterdão. Não obstante, as suas sativas não foram bem-vindas, sendo que decidiu abrir o seu próprio primeiro coffee shop na rua Tolstraat no ano de 1992. Chamou-se The Green House.
Apenas um ano depois já tinha conseguido os seus primeiros prémios na 6ª edição da High Times Cannabis Cup. Um ano depois ganhou mais prémios e efectivamente em 95 a revista Hight Times elegeu-o para uma das suas capas. O crescimento da sua empresa foi exponencial, e satlou rapidamente para a fama. Desde então ganhou 32 taças High Times e 17 Highlife, entre outros prémios. Algumas das suas variedades mais aclamadas são a Super Silver Haze, Hawaiian Snow, Arjan's Ultra Haze, Super Lemon Haze e a mais recente Flowerbomb Kush.
Na crista da onda
O Green House coffee shop era já tão famoso que as celebridades de diferentes partes do mundo passavam por ali para desgustar um charro da colheita de Arjan. Roskam aproveitou estes contactos para difundir o seu grande objectivo principal: legalizar o consumo de marijuana e, paralelamente, fomentar os (auto)cultivos. Pediu a vários deles, como Woody Harrelson, que nos seus respectivos países falavam contra a criminalização da marijuana. E o próprio Arjan converteu-se também num porta-voz desta legalização ao representar em várias ocasiões o grémio dos coffee shops de Amesterdão.
O império Green House foi tornando-se cada vez maior, e hoje conta pelo menos com 4 coffee shops, o prestigioso banco de sementes, a sua linha de nutrientes e produtos de cultivo, uma produtora de documentários que rodou em Malawi, Marrocos e na Índia, e um canal educativo no Youtube, onde ele mesmo participa, junto com o seu incondicional Franco Loja em aventuras canábicas, em países exóticos. Estes documentários converteram-se na sua série Strain Hunters. Franco, um italiano que pertenceu à divisão de paraquedistas do exército italiano, é actualmente responsável pelos cultivos da Green House Seeds.
Ambos dedicam grande parte do seu tempo a viajar em lugares mais remotos para descobrir novas variedades autóctonas. Nos seus laboratórios plantam as novas sementes e após várias gerações e seleções, conseguem estabilizar uma variedade em certos aspectos chave como o período de floração, a quantidade de resina ou a resistência ao mofo e aos fungos. Não as comercializam necessariamente, mas asseguram que conservam as mães de cada variedade e as analisam continuamente. Talvez chegue o dia em que um laboratório necessite de uma variedade específica.
Sem dúvida nenhuma, Arjan Roskan é um empreendedor e um visionário. Soube ver cada oportunidade e aproveitá-las. Independentemente de como caia pessoalmente, conseguiu vender uma excelente imagem da sua marca a nível internacional.
Continuamente, a Green House faz inversões importantes na investigação e desenvolvimento para poder ser mais flexível e adaptar-se tanto à mudança contínua do marco legal da Canábis como aos gostos e necessidades do mercado. Para além disso, podem estar sempre um passo à frente para aproveitar as oportunidades do negócio que se vão abrindo dentro da legalidade, como podem ser as mudanças legislativas em alguns estados de EE.UU ou no Uruguai.
O Rei metido no centro da polémica
Arjan Roskam tem aliados, mas tem também alguns inimigos. Muitos o acusam de charlatão e mentiroso.
Possivelmente o principal choque que teve foi com Shantibaba, quem trabalhou com Roskan no inícios da Green House. A sua sociedade não durou muito: logo após dois anos de ter arrasado na High Time Cannabis Cup graças à Super Silver Haze que apresentaram juntos em 98 e 99, os egos de cada um chocaram e separaram-se. A partir daí, Shantibaba fundou a Mr. Nice Seeds e nunca mais se reconciliaram. O ponto mais alto da discussão centrou-se na White Widow, esta variedade reconhecida pela capa branca de tricomas que a cobrem.
Segundo Arjam Roskam, a variedade surgiu graça ao trabalho de Ingemar, um antigo trabalhador da Gren House. Mas segundo Shantibaba, esta variedade foi o fruto do seu trabalho e esforço pessoal, e ao ir embora da Greenhouse levou consigo as plantas mãe de primeira geração estável que conseguiu. Ate ao dia de hoje continua a afirmar que Arjan não merece nenhum tipo de reconhecimento na criação da White Widow.
Houve também outro incidente importante em 95, devido à High Times Cannabis Cup. Apesar de Arjan ter ganho o primeiro prémio na categoria Hash, descobriu-se que tinha havido manipulação dos votos e acabaram por lhe retirar o prémio.
Finalmente, muitos criticam que a sua série Strain Hunters tinha como objectivo, pelo menos na teoria, descobrir variedades autóctonas de marijuana, plantas exóticas. Conseguiu aparentemente muitas das que procurava, mas curiosamente, nunca lançou nenhuma no mercado.
O autoproclamado Rei da Canábis, Arjan Roskam, não escapa às polémicas, gosta de ser o centro das atenções. Por cada polémica, as encomendas online multiplicam-se. Mas para além disso, com a sua revolução no mercado das sementes feminizadas conseguiu fazer da Greenhouse Seeds o banco de sementes que mais vende no mundo. Conseguiu ter o seu próprio império.
Imagem tirada de Vice.